A atual conjuntura envolvendo o Irã e Israel tem provocado diversas especulações sobre o possível envolvimento de potências globais no conflito, especialmente Rússia e China. Embora ambos os países mantenham uma postura diplomática de apoio ao Irã, especialistas apontam que esse apoio não ultrapassa as declarações formais, sem qualquer intenção clara de ação militar. Essa distância estratégica revela as prioridades reais desses governos diante do risco de escalada do conflito na região.
Moscou e Pequim, apesar de serem atores fundamentais no cenário internacional, tendem a agir com cautela em questões que possam ameaçar sua estabilidade política e econômica. A possibilidade de se envolverem diretamente em um conflito armado no Oriente Médio, por conta de alianças ideológicas ou políticas, é vista como algo que pode comprometer seus interesses maiores. A preservação do status quo e a manutenção das relações comerciais pesam mais do que o alinhamento com lideranças regionais.
Além disso, a dinâmica geopolítica atual mostra que a Rússia e a China evitam se comprometer em disputas que possam implicar em confrontos diretos com países que possuem capacidades militares superiores ou que envolvam interesses estratégicos dos Estados Unidos. A movimentação dessas potências visa mais influenciar decisões diplomáticas e fortalecer sua presença no tabuleiro global do que entrar em guerras que possam custar caro em termos humanos e econômicos.
O líder iraniano Khamenei é uma figura central nesse cenário, mas nem a Rússia nem a China parecem dispostas a correr riscos sérios em nome de sua proteção. As razões passam por uma análise pragmática dos custos e benefícios, considerando o impacto que um conflito aberto poderia trazer para suas próprias populações e para a estabilidade interna desses países. Portanto, a retórica agressiva muitas vezes vista em discursos oficiais não se traduz em ações militares concretas.
A postura adotada por esses países é também reflexo de uma estratégia que prioriza o diálogo e a influência através de canais diplomáticos, em vez do confronto direto. Isso fica evidente nas tentativas constantes de mediar crises e buscar soluções que evitem o agravamento da violência. O envolvimento em uma guerra não traria ganhos reais, apenas perdas que poderiam abalar o equilíbrio global já fragilizado por diversas outras crises.
Em paralelo, o cenário econômico global também é um fator determinante para essa cautela. Tanto a Rússia quanto a China enfrentam desafios internos que exigem concentração de recursos e esforços para garantir desenvolvimento sustentável. Entrar em um conflito poderia acarretar sanções, isolamento e prejuízos financeiros que nenhum dos dois países está disposto a assumir no momento.
Outra questão relevante é o desgaste internacional que um envolvimento militar poderia gerar para essas potências, prejudicando suas relações com outras nações e minando sua imagem como atores responsáveis e influentes no sistema internacional. Por isso, a escolha por apoiar o Irã apenas diplomática e economicamente, evitando confrontos armados, demonstra um cálculo estratégico cuidadoso.
Diante disso, a chance de uma declaração formal de guerra por parte da Rússia ou da China em apoio ao Irã permanece bastante remota. O cenário aponta para a manutenção da atual postura de cautela, na qual o envolvimento fica restrito a gestos simbólicos e declarações políticas, buscando preservar seus próprios interesses e evitar a instabilidade global que um conflito direto certamente traria.
Autor : Sergey Morozov